Tempos atrás, conversando com o pastor de minha igreja, debatemos
um assunto que faz minha cabeça entrar em curto: o papel da igreja, do
evangelho e do próprio pastor na sociedade contemporânea. Em um mundo onde as
crises existenciais já não são as mesmas, como pode nosso discurso permanecer o
mesmo? Em uma sociedade que cobra cada vez mais um papel prático da igreja,
como podemos continuar com o mesmo discurso?
Fabrício Cunha, pastor da Comunidade Batista Vida Nova, disse
certa vez que não é possível que se continue discutindo as mesmas coisas de
vinte ou trinta anos atrás no mundo hipermoderno em que vivemos. Concordo com
ele. Enquanto tem gente morando na rua e passando fome, a gente discute se pode
ou não ouvir “música do mundo”. Enquanto tem jovens afundados na cocaína e no
crack, a gente bate boca procurando abordagens bíblicas para debater piercing e
tatuagem. Enquanto garotas de 13 ou 14 anos engravidam e morrem fazendo abortos,
a gente reclama se o jovem usa bermuda para ir ao culto.
A sociedade contemporânea não aceita mais uma igreja omissa.
Acho lindas essas jornadas evangelísticas, em que igrejas se mobilizam para
fazer os famosos “impactos”, mas não cabe mais no nosso contexto apenas a
pregação do evangelho. Para o morador de rua, não cabe mais um “Deus te abençoe”
se junto com a bênção não vier um prato de comida e um cobertor quentinho. Para
o jovem viciado em drogas, para o pai de família alcoólatra, para a garota que
vive a fazer abortos, não é possível acreditar que dizer alguns versículos
aleatórios vai mudar a vida dessas pessoas.
Gente morrendo e a gente debatendo o sexo dos anjos |
O questionamento vai além: o que significa ser cristão em um
país com uma parcela tão grande de pobres e miseráveis? Será que o cristianismo
que Deus espera do seu povo é aquele em que nos fechamos dentro de nossos
confortáveis templos, celebramos nossos carros novos, nossas promoções de
trabalho, nossas viagens para o exterior, e o mundo lá fora que se exploda? Quem
diz ter a Bíblia como regra de vida deveria conhecê-la profundamente. Se todo
mundo que se chama “cristão” soubesse um pouco do livro que carrega debaixo do
braço todo domingo, veria que Deus sempre ordenou que seu povo se importasse
com os pobres, com os excluídos, com os órfãos, com as viúvas. O profeta Amós
chama as mulheres dos ricaços esbanjadores de “vacas”, porque não se importavam
com ninguém.
Enquanto nos preocupamos com questões menores, o mundo vai
de mal a pior. Enquanto discutimos coisas que não interessam mais a ninguém (a
não ser para os legalistas da igreja, que insistem em dizer o que você pode ou
não ouvir, ler, vestir, onde ir), tem gente morrendo. E sim, nós poderíamos
fazer muito mais. Muito mais.
Perfeito! Esse é o assunto que a igreja (e quando digo igreja me refiro aos cristãos, pois igreja somos nós e não o templo ou a organização)deve discutir nos dias de hoje. O que precisamos realmente fazer para impactar a sociedade de forma mais concreta e efetiva? Como a igreja deve se posicionar e como influenciar a sociedade no que diz respeito a cultura, política, fé, etc, levando em consideração o contexto em que vivemos hoje, em meio a era tecnológica e a globalização?
ResponderExcluirJá é hora da igreja despertar e olhar para esse novo milênio com o olhar de amor e misericórdia, e deixar o julgamento para Aquele que tem o martelo nas mãos, o único conhecer de todas as almas e todas as suas obras.
Parabéns Edu Fettermann.
Começando bem o ano de 2013.
Deus te abençoe!
Igor José / Itaperuna-RJ
Quanta verdade...
ResponderExcluirEsse ano, se Deus assim nos permitir, continuaremos com nossas ações sociais...
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