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18 de fevereiro de 2014

Um desabafo sobre Deus

Este não é exatamente um texto nos moldes do que costumo escrever. Aprendi a amar a crônica na faculdade de Jornalismo e lendo gênios do estilo, como Luis Fernando Veríssimo, Marcelo Rubens Paiva, Rubem Braga e Fernando Sabino. Por isso, sempre que escrevo, busco este formato. Mas hoje não. Hoje escrevo um desabafo sem forma e sem modelo, apenas um grito silencioso no meio do barulho em que vivemos. E como desabafo, não peço que você concorde ou discorde, apenas escute/leia e, caso deseje, ore por mim.

Acredito em Deus. Não em um deus qualquer, não em um deus que cabe em rótulos nem em modelos/métodos. Acredito no Deus criador de todas as coisas. Acredito em um Deus que ama, mesmo sem ser amado de volta. Mesmo sem ser reconhecido como Deus, sem ser admirado e obedecido como tal, acredito que esse Deus ama a todos da mesma maneira.

Acredito em um Deus redentor, que sopra seu Espírito onde quer, em quem quer, quando quer. Acredito que esse Deus fale através de quem ele quiser, mesmo que seja uma pessoa que não se encaixe em nenhum modelo religioso/eclesiástico, mesmo que seja uma pessoa considerada impura pelo pensamento vigente. Sim, acredito em um Deus que fala, que tem voz, que se manifesta.

Acredito em um Deus de muitas faces, face negra, face branca, face asiática, face indígena. Acredito em um Deus de vários ritmos e de muitas culturas. Acredito em um Deus que redime todas as coisas e todos os lugares. Acredito em um Deus que é misericordioso com todos, independente de méritos. Acredito no Deus que deseja que seu povo ame sem reservas e viva como um só coração, uma só mente, um só corpo.

Por acreditar nesse Deus, sofro quando vejo outro deus sendo pregado (vendido). Nesse deus que troca favores, que condiciona sua graça, nesse não creio. Nesse deus que opera a partir de uma lista de regras obedecidas – e que “pesa a mão” quando as regras são desobedecidas, nesse não creio. Nesse deus que não entra em alguns lugares porque são imundos, nesse deus que não se relaciona com algumas pessoas porque são imundas, nesse não creio. Nesse deus cuja bênção pode ser medida pelo tamanho do patrimônio, pelo número de zeros na conta bancária, pela grife da roupa ou pelo ano do carro, nesse não creio.

Acredito no Deus pai, soberano sobre tudo e todos, no Deus de Abraão, de Moisés, de Davi, de Isaías, de Zacarias, de João, de Paulo. Acredito no Deus da Ana, do Bernardo, do Felipe, da Cristina, da dona Josefa, do seu Zé. Acredito no Deus que ama, salva, restaura, reconstrói e liberta. Nesse Deus, o Altíssimo, nesse eu acredito.