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24 de abril de 2014

Nascido para ser grande?

Teologicamente falando, minha cabeça vivia em guerra. Desde minha conversão, fui a todo tipo de congresso e ouvi todo tipo de pregação. O discurso mais sedutor – e o que mais me causou feridas espirituais – foi o da vitória, o “você vai vencer”, o “você nasceu para ser grande”. Essa teologia triunfalista é perigosamente atraente porque mexe com um desejo oculto que muitos (todos, arrisco) têm dentro de si: fama, poder, status. 

Quando entrei para o seminário, transferi os sonhos de grandeza para o ministério. Influenciado por livros como “Preparado para ser grande” e coisas do tipo, criei em minha mente um ideal de sucesso ridículo e inalcançável. Cheguei a orar – e que Deus tenha misericórdia de mim – pedindo para ser um pastor famoso como o Lucinho Barreto, que viaja pra cima e pra baixo, tem site, vende camisa, dá autógrafo e por aí vai. Em outras palavras, eu queria ser “o cara”. 

Mas a vida é uma caixinha de surpresas, como diria o saudoso Joseph Klimber, e fui conhecendo gente nova e ampliando minha visão sobre o Reino de Deus. E através destes amigos e de diversos teólogos/pastores/escritores, fui desenvolvendo novos sonhos pessoais e ministeriais. Nada de grandeza, pelo menos não no conceito de grandeza que esse pessoal da vitória utiliza. Fui entendendo que o Reino é dos pequenos, dos pobres, dos excluídos, dos segregados, e não dos poderosos, não dos ricos, não dos que amam a posição social. 

Como disse no início deste texto, minha cabeça vivia uma guerra teológica. Mas agora essa guerra acabou. Entendi o que Deus quer de mim – aliás, estou entendendo, mas vou esperando e caminhando. E como um de meus combustíveis é a música, vai abaixo uma das canções mais lindas que ouvi nos últimos tempos e que resume bem minha visão de vida, de Reino e de Igreja. 

Em oração eu trilho o caminho que Jesus abriu 
Até o trono onde sua graça flui como um rio 
Santo, santo, anjos cantam, santo 
E pela fé caminho até avistar o autor da minha fé 
E o que eu posso oferecer para honrar quem ele é 
Santo, santo, anjos cantam, santo 
E ao partir me vi, eu sou indigno 
Mas sua voz me diz não vá meu filho
Torne meu sofrimento em testemunho 
Me esvazie de mim e desse mundo 
E que o meu nome morra com meu corpo 
E que o de Cristo permaneça em tudo 
Que eu receba aquilo que preciso e nem um pouco mais 
Me dê os bens que de imediato eu possa abandonar 
Santo, santo, eu canto, santo, santo 
Torne meu sofrimento em testemunho 
Me esvazie de mim e desse mundo 
E que o meu nome morra com meu corpo 
E que o de Cristo permaneça em tudo 
No nome de Cristo, no nome de Cristo 
Amém






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