Teologicamente falando, minha cabeça vivia em guerra. Desde minha conversão, fui a todo tipo de congresso e ouvi todo tipo de pregação. O discurso mais sedutor – e o que mais me causou feridas espirituais – foi o da vitória, o “você vai vencer”, o “você nasceu para ser grande”. Essa teologia triunfalista é perigosamente atraente porque mexe com um desejo oculto que muitos (todos, arrisco) têm dentro de si: fama, poder, status.
Quando entrei para o seminário, transferi os sonhos de grandeza para o ministério. Influenciado por livros como “Preparado para ser grande” e coisas do tipo, criei em minha mente um ideal de sucesso ridículo e inalcançável. Cheguei a orar – e que Deus tenha misericórdia de mim – pedindo para ser um pastor famoso como o Lucinho Barreto, que viaja pra cima e pra baixo, tem site, vende camisa, dá autógrafo e por aí vai. Em outras palavras, eu queria ser “o cara”.
Mas a vida é uma caixinha de surpresas, como diria o saudoso Joseph Klimber, e fui conhecendo gente nova e ampliando minha visão sobre o Reino de Deus. E através destes amigos e de diversos teólogos/pastores/escritores, fui desenvolvendo novos sonhos pessoais e ministeriais. Nada de grandeza, pelo menos não no conceito de grandeza que esse pessoal da vitória utiliza. Fui entendendo que o Reino é dos pequenos, dos pobres, dos excluídos, dos segregados, e não dos poderosos, não dos ricos, não dos que amam a posição social.
Como disse no início deste texto, minha cabeça vivia uma guerra teológica. Mas agora essa guerra acabou. Entendi o que Deus quer de mim – aliás, estou entendendo, mas vou esperando e caminhando. E como um de meus combustíveis é a música, vai abaixo uma das canções mais lindas que ouvi nos últimos tempos e que resume bem minha visão de vida, de Reino e de Igreja.
Em oração eu trilho o caminho que Jesus abriu
Até o trono onde sua graça flui como um rio
Santo, santo, anjos cantam, santo
E pela fé caminho até avistar o autor da minha fé
E o que eu posso oferecer para honrar quem ele é
Santo, santo, anjos cantam, santo
E ao partir me vi, eu sou indigno
Mas sua voz me diz não vá meu filho
Torne meu sofrimento em testemunho
Me esvazie de mim e desse mundo
E que o meu nome morra com meu corpo
E que o de Cristo permaneça em tudo
Que eu receba aquilo que preciso e nem um pouco mais
Me dê os bens que de imediato eu possa abandonar
Santo, santo, eu canto, santo, santo
Torne meu sofrimento em testemunho
Me esvazie de mim e desse mundo
E que o meu nome morra com meu corpo
E que o de Cristo permaneça em tudo
No nome de Cristo, no nome de Cristo
Amém
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