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10 de julho de 2012

O jogo de golfe

É difícil achar, no Brasil, quem já tenha jogado golfe. Mais difícil ainda é encontrar quem goste do esporte, entenda suas regras e tenha interesse suficiente para gastar muitas dezenas de minutos assistindo a um torneio. Além de ser uma modalidade considerada elitista – comumente os jogadores são pessoas com situação econômica muito confortável –, o golfe não é um jogo que possa exatamente ser chamado de emocionante. Este esporte é relativamente complexo, mas pode ser resumido de maneira simples. O objetivo é apenas um: colocar a bola dentro do buraco com o menor número de tacadas possível. Quanto menos tacadas o jogador der para fazer a bola chegar ao seu destino, melhor é sua pontuação. Simples assim.

Mas por que esta introdução ao golfe? Porque do golfe é possível extrair uma importante lição espiritual. O golfe é um esporte no qual se avança aos poucos e se constrói a vitória dando um passo de cada vez, ou melhor, uma tacada de cada vez. E a cada tacada, a bola chega mais perto do buraco. Refletindo no texto de Efésios 4.13, que diz que devemos crescer até a estatura de Cristo, a primeira imagem me vem à minha mente é a de uma partida de golfe, uma partida longa e cansativa.

A ideia deste texto bíblico é que nossa espiritualidade se constrói através de um processo. Infelizmente, muitos não entendem a dimensão deste processo e, ávidos por chegar ao último buraco do campo de golfe, jogam o jogo de qualquer maneira, acreditando que só o resultado interessa. Como no golfe, crescer na fé envolve dar uma tacada de cada vez. Tomemos como exemplo o hábito de ler a Bíblia Sagrada. É altamente improvável que alguém consiga ler a Bíblia inteira em um mês se antes não tiver construído o hábito de ler um ou dois capítulos por dia. Da mesma forma, é incoerente esperar que alguém ore por três horas ininterruptas em uma vigília se, no silêncio de seu lar, não consegue permanecer quinze minutos em oração.

Dê quantas tacadas precisar, mas nunca desista
Amadurecer espiritualmente é um processo que envolve muita paciência, exige tempo e disposição. Como disse antes, o golfe pode ser resumido de forma simples, mas é um esporte complexo. O atleta precisa saber exatamente qual taco vai usar e onde vai bater na bola. Precisa conjeturar a velocidade e a direção do vento. Precisa saber em qual terreno a bola vai cair e calcular o atrito. São diversas variáveis que afetam seu desempenho e precisam ser controladas. Com nossa espiritualidade, o princípio é o mesmo. É necessário descobrir quais são os obstáculos, os elementos que afetam a caminhada, para que se possa lidar com eles de forma mais eficiente e o crescimento não seja emperrado.

O golfe ainda ensina uma última lição sobre espiritualidade: não desistir nunca. Para ser campeão, o jogador deve percorrer todos os buracos do campo com o menor número possível de tacadas. Mas nem todos são campeões, e alguns precisam de muitas tacadas para conseguir avançar para as próximas etapas. Com nossa espiritualidade, a ideia é similar: mesmo que precisemos gastar muito tempo, mesmo que precisemos dar mil tacadas para passar ao próximo nível, mesmo assim não devemos desistir. O objetivo é chegar à estatura de Cristo. Dê quantas tacadas precisar, mas nunca desista. Nunca, nunca desista.

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