É difícil achar, no Brasil, quem
já tenha jogado golfe. Mais difícil ainda é encontrar quem goste do esporte,
entenda suas regras e tenha interesse suficiente para gastar muitas dezenas de
minutos assistindo a um torneio. Além de ser uma modalidade considerada
elitista – comumente os jogadores são pessoas com situação econômica muito confortável
–, o golfe não é um jogo que possa exatamente ser chamado de emocionante. Este
esporte é relativamente complexo, mas pode ser resumido de maneira simples. O
objetivo é apenas um: colocar a bola dentro do buraco com o menor número de
tacadas possível. Quanto menos tacadas o jogador der para fazer a bola chegar
ao seu destino, melhor é sua pontuação. Simples assim.
Mas por que esta introdução ao
golfe? Porque do golfe é possível extrair uma importante lição espiritual. O
golfe é um esporte no qual se avança aos poucos e se constrói a vitória dando
um passo de cada vez, ou melhor, uma tacada de cada vez. E a cada tacada, a
bola chega mais perto do buraco. Refletindo no texto de Efésios 4.13, que diz
que devemos crescer até a estatura de Cristo, a primeira imagem me vem à minha
mente é a de uma partida de golfe, uma partida longa e cansativa.
A ideia deste texto bíblico é que
nossa espiritualidade se constrói através de um processo. Infelizmente, muitos
não entendem a dimensão deste processo e, ávidos por chegar ao último buraco do
campo de golfe, jogam o jogo de qualquer maneira, acreditando que só o
resultado interessa. Como no golfe, crescer na fé envolve dar uma tacada de
cada vez. Tomemos como exemplo o hábito de ler a Bíblia Sagrada. É altamente
improvável que alguém consiga ler a Bíblia inteira em um mês se antes não tiver
construído o hábito de ler um ou dois capítulos por dia. Da mesma forma, é
incoerente esperar que alguém ore por três horas ininterruptas em uma vigília
se, no silêncio de seu lar, não consegue permanecer quinze minutos em oração.
Dê quantas tacadas precisar, mas nunca desista |
Amadurecer espiritualmente é um
processo que envolve muita paciência, exige tempo e disposição. Como disse
antes, o golfe pode ser resumido de forma simples, mas é um esporte complexo. O
atleta precisa saber exatamente qual taco vai usar e onde vai bater na bola.
Precisa conjeturar a velocidade e a direção do vento. Precisa saber em qual terreno
a bola vai cair e calcular o atrito. São diversas variáveis que afetam seu
desempenho e precisam ser controladas. Com nossa espiritualidade, o princípio é
o mesmo. É necessário descobrir quais são os obstáculos, os elementos que
afetam a caminhada, para que se possa lidar com eles de forma mais eficiente e
o crescimento não seja emperrado.
O golfe ainda ensina uma última
lição sobre espiritualidade: não desistir nunca. Para ser campeão, o jogador
deve percorrer todos os buracos do campo com o menor número possível de
tacadas. Mas nem todos são campeões, e alguns precisam de muitas tacadas para
conseguir avançar para as próximas etapas. Com nossa espiritualidade, a ideia é
similar: mesmo que precisemos gastar muito tempo, mesmo que precisemos dar mil
tacadas para passar ao próximo nível, mesmo assim não devemos desistir. O
objetivo é chegar à estatura de Cristo. Dê quantas tacadas precisar, mas nunca
desista. Nunca, nunca desista.
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