Muito se tem falado sobre
relacionamentos ultimamente em muitas igrejas evangélicas por esse país afora. A
ideia é que a igreja é uma comunidade viva, e que deve viver como uma
comunidade de fato. Ok. Esta é a teoria. Mas e a prática, como vai?
Tenho pensado na construção de
relacionamentos como uma construção de verdade, algo que precisa ser feito aos
poucos, tijolo por tijolo, que requer tempo e paciência. E da maneira como
tenho refletido no assunto, penso que só podemos construir duas coisas em nossos
relacionamentos: pontes ou muros. Ou construímos pontes que nos liguem às
pessoas e nos aproximem delas (lembrando que as grandes pontes têm mão dupla),
ou criamos muros que nos isolam dentro de nós mesmos e nos afastam do próximo.
Via de regra, o relacionamento
entre cristãos é simples. Creem nas mesmas coisas (ou deveriam), têm os mesmos
princípios, seguem o mesmo livro sagrado. Por isso, não me prolongo em
mencionar este tipo de comunhão, pelo menos não agora. Quero focar na relação
entre pessoas que não dividem o mesmo credo.
Ultimamente, tenho presenciado –
com certo espanto, é preciso dizer – certa tendência na busca pelos
relacionamentos com os “de fora” da igreja. É alarmante o número de cristãos que
não procura mais amizades. Hoje buscam apenas oportunidades para compartilhar
sua fé, falar de sua religião e mostrar como são melhores que quem as escuta. Na
minha concepção “arquitetônica” de construção de relacionamentos, ao fazer isso
estão erguendo muros com uma velocidade impressionante. Não mostram interesse
pelo próximo, não querem intimidade, não querem relacionamento. Querem apenas
mais uma oportunidade de “vender” seu Deus para quem estiver disposto a
comprar.
Sou agraciado em ter muitos e
bons amigos. Muitos deles não têm a mesma fé que eu, não acreditam no Deus em
quem creio (alguns não creem em deus algum) e não têm interesse algum em
religião. Sendo assim, qual é a possibilidade de eu construir pontes com essas
pessoas se tentar enfiar meus credos goela abaixo? Nenhuma! Só uma amizade
genuína e sem interesses pode construir pontes. Só respeitando o pensamento do
outro, entendendo (ou tentando) seus pontos de vista e não desnivelando a
conversa – ninguém é melhor ou pior – é que crio um relacionamento genuíno. Arrisco-me
a dizer que as pontes se constroem “sozinhas”, quando não tenho interesse em
construí-las. Quando foco na ponte, posso erguer um muro sem perceber.
A verdade é que a gente constrói
o que quer. Quem quer construir muros não precisa se esforçar muito. Só precisa
pensar em si mesmo, em como seu testemunho pessoal é importante, em quanto deve
demonstrar atenção para com o próximo (tudo friamente calculado). O “murista”,
focando em si mesmo, fecha-se atrás de paredes criadas por si mesmo. A única
saída é derrubar tudo e começar de novo. Construir pontes é mais trabalhoso. O
processo é mais longo e exige mais paciência. Exige também mais disposição e
vontade. Quem quer construir pontes, abre mão de si mesmo, de seus interesses,
e foca naquilo que o próximo precisa. E quando a ponte é enfim construída, o
trânsito está liberado.
E, nesse meio tempo, Deus vai falando...
ResponderExcluirMuito bom! Que Deus te use sempre para ser boca para os Adols, jovens e para falar a palavra de Deus nos quatros cantos desse estado, país e mundo. Deus te abençoe!
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