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11 de junho de 2012

E se tudo der errado?

Fé. Palavra pequena de grande significado e enorme poder. A Bíblia Sagrada apresenta dezenas de vezes este termo, sempre associando à figura divina. De acordo com as Escrituras, fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e a prova de que existem coisas que não podemos ver. Exemplos de fé não faltam. Abraão, quando aceitou sacrificar o próprio filho, demonstrou fé. Moisés, quando ergueu seu cajado às margens do Mar Vermelho. Noé. Davi. Daniel.

É do livro de Daniel que extraio a breve reflexão que se segue, mais precisamente do capítulo 3. Você conhece a história, tenho certeza. Três jovens judeus são escolhidos para trabalhar na corte do rei Nabucodonosor. Um dia, o rei emite um decreto ordenando que todas as autoridades da Babilônia se prostrem e adorem uma estátua de ouro construída à imagem do soberano. Os jovens judeus se recusam e, por isso, são condenados a uma morte perversa: a fornalha. Sadraque, Mesaque e Abede-Nego são atirados em um forno aquecido sete vezes mais do que o normal e, por intervenção divina, saem ilesos. O rei, estupefato diante de tal acontecimento, reconhece a soberania do Deus de Israel.

Frequentemente vejo-me refletindo sobre esta passagem. Estes jovens tinham boa posição social, eram inteligentes e vinham de famílias tradicionais. Além disso, eram bonitos e tinham bom físico. Resumindo, tinham tudo que alguém poderia desejar ter. Mesmo assim, quando confrontados pelo rei, não hesitaram em renunciar a tudo isso para não desonrar ao seu Deus. Nos tempos em que vivemos, tempos em que muitos praticam uma fé mercantilista, em que o crente decreta e a divindade obedece, em que o importante é conquistar, vencer e comer do melhor da terra, a fé destes três jovens hebreus surpreende pela simplicidade e pela coragem. Explico melhor.

Manter a fé, mesmo que o caminho não leve ao destino desejado
Com o crescimento desta praga da teologia da conquista, da vitória e da bênção, surgiu uma geração de cristãos que simplesmente não sabe lidar com adversidades. Nas palavras de meu pastor, são “cristãos mimados”. Querem o que querem e querem agora. Depositam sua fé em envelopes de ofertas e dízimos, em correntes de oração e vigílias do impossível, sempre esperando uma compensação divina. Tratam a oferta como investimento no banco celestial, que rende muito mais juros que qualquer Santander deste mundo. E quando o deus a quem eles impõem sua vontade não responde, não sabem como agir. Quando, em vez da empresa crescer, vão à falência, questionam o caráter de Deus. E a fé que crê nas coisas que não se vê murcha, evanesce e some de vez.

Sadraque, Mesaque e Abede-Nego chegaram a um ponto crítico em suas vidas: ou negavam suas convicções e se ajoelhavam diante da estátua de ouro – que simboliza o poder e o modo de viver do rei –, ou rejeitavam suas próprias vidas para honrar ao Deus em quem criam. Os três jovens escolheram a segunda opção. Não cogitaram outra hipótese senão a de morrer por amor ao seu Deus. E fazendo isso demonstraram uma fé como poucas já se viu. Disseram “se Deus quiser, ele nos livrará da morte, mas se ele não quiser, mesmo assim não nos prostraremos”. A lição que estes garotos nos deixam é essa, que não importa o que aconteça, confiar em Deus é primordial. Fé que não depende de circunstâncias ou recompensas. É essa a fé que desejo.

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