Fé. Palavra
pequena de grande significado e enorme poder. A Bíblia Sagrada apresenta dezenas
de vezes este termo, sempre associando à figura divina. De acordo com as
Escrituras, fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperamos e a
prova de que existem coisas que não podemos ver. Exemplos de fé não faltam. Abraão,
quando aceitou sacrificar o próprio filho, demonstrou fé. Moisés, quando ergueu
seu cajado às margens do Mar Vermelho. Noé. Davi. Daniel.
É do livro de
Daniel que extraio a breve reflexão que se segue, mais precisamente do capítulo
3. Você conhece a história, tenho certeza. Três jovens judeus são escolhidos
para trabalhar na corte do rei Nabucodonosor. Um dia, o rei emite um decreto
ordenando que todas as autoridades da Babilônia se prostrem e adorem uma
estátua de ouro construída à imagem do soberano. Os jovens judeus se recusam e,
por isso, são condenados a uma morte perversa: a fornalha. Sadraque, Mesaque e
Abede-Nego são atirados em um forno aquecido sete vezes mais do que o normal e,
por intervenção divina, saem ilesos. O rei, estupefato diante de tal
acontecimento, reconhece a soberania do Deus de Israel.
Frequentemente
vejo-me refletindo sobre esta passagem. Estes jovens tinham boa posição social,
eram inteligentes e vinham de famílias tradicionais. Além disso, eram bonitos e
tinham bom físico. Resumindo, tinham tudo que alguém poderia desejar ter. Mesmo
assim, quando confrontados pelo rei, não hesitaram em renunciar a tudo isso
para não desonrar ao seu Deus. Nos tempos em que vivemos, tempos em que muitos
praticam uma fé mercantilista, em que o crente decreta e a divindade obedece,
em que o importante é conquistar, vencer e comer do melhor da terra, a fé
destes três jovens hebreus surpreende pela simplicidade e pela coragem. Explico
melhor.
Com o
crescimento desta praga da teologia da conquista, da vitória e da bênção, surgiu
uma geração de cristãos que simplesmente não sabe lidar com adversidades. Nas
palavras de meu pastor, são “cristãos mimados”. Querem o que querem e querem agora.
Depositam sua fé em envelopes de ofertas e dízimos, em correntes de oração e
vigílias do impossível, sempre esperando uma compensação divina. Tratam a
oferta como investimento no banco celestial, que rende muito mais juros que
qualquer Santander deste mundo. E quando o deus a quem eles impõem sua vontade
não responde, não sabem como agir. Quando, em vez da empresa crescer, vão à
falência, questionam o caráter de Deus. E a fé que crê nas coisas que não se vê
murcha, evanesce e some de vez.
Sadraque,
Mesaque e Abede-Nego chegaram a um ponto crítico em suas vidas: ou negavam suas
convicções e se ajoelhavam diante da estátua de ouro – que simboliza o poder e
o modo de viver do rei –, ou rejeitavam suas próprias vidas para honrar ao Deus
em quem criam. Os três jovens escolheram a segunda opção. Não cogitaram outra
hipótese senão a de morrer por amor ao seu Deus. E fazendo isso demonstraram
uma fé como poucas já se viu. Disseram “se Deus quiser, ele nos livrará da
morte, mas se ele não quiser, mesmo assim não nos prostraremos”. A lição que
estes garotos nos deixam é essa, que não importa o que aconteça, confiar em
Deus é primordial. Fé que não depende de circunstâncias ou recompensas. É essa a
fé que desejo.
0 comentários:
Postar um comentário