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5 de agosto de 2014

Jajá, Juju e gratidão

Alguns anos atrás, existia um personagem chamado Jajá no programa Zorra Total. Interpretado pelo ator Welder Rodrigues, Jajá era a antítese do que se espera de um personagem de televisão: feio, com a voz irritante e completamente sem noção. Ele tinha dois bordões inesquecíveis – “tô doido” e “eu não mereço tanto”. Ri muito com o Jajá, mas a lição que ele me ensina é sobre gratidão.

Muitas vezes nós somos mal-agradecidos por aquilo que temos. Olhamos para o que o outro tem e damos mais valor. Já aconteceu comigo e acredito que com você também. Você compra uma roupa e fica feliz com ela por um tempo. Em seguida, um amigo seu compra uma roupa mais cara, mais colorida, mais bonita, e você passa a achar a sua horrível. Você viaja para a praia gastando pouco e se diverte; o amigo vai para Cancun e você suspira, detestando a própria sorte.

“O jardim do vizinho é sempre mais verde”. Esse dito popular é tão verdadeiro que chega a incomodar. A igreja do outro é a mais bacana. O carro do outro é que é o melhor. As férias da outra são as férias dos meus sonhos... E vamos conduzindo nossa vida olhando tanto para a vida do outro que deixamos de apreciar aquilo que graciosamente Deus nos dá. É um desafio olhar para a própria vida e agradecer a Deus. Claro, quem consegue ser grato quando aparece uma doença, quando as contas estão acumulando, quando vem o desemprego, quando nada que você faz dá certo? Mas o salmista nos ensina uma lição valiosa: “Bendiga o Senhor a minha alma! Não esqueça nenhuma de suas bênçãos!”.

Gosto do Jajá porque ele era casado com uma mulher que, para nossos padrões de beleza, seria considerada feia. Mas ele era tão apaixonado por ela que brigava com quem tocasse em sua amada. E ainda falava um honesto “eu não mereço tanto”. Jajá era grato por ter uma mulher, uma companheira com quem dividir suas lutas, alegrias, uma amiga com quem podia contar. E sabia que tinha que ser grato, porque de fato nós não merecemos nada. O melhor de nós não merece mais do que o pior de nós. O mais bonito não merece mais que o feioso. O rico não merece mais que o pobre. Jajá sabia disso. Parece-me que Jajá entendeu a graça de Deus melhor do que a gente.


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