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5 de junho de 2012

Muros ou Pontes?


Muito se tem falado sobre relacionamentos ultimamente em muitas igrejas evangélicas por esse país afora. A ideia é que a igreja é uma comunidade viva, e que deve viver como uma comunidade de fato. Ok. Esta é a teoria. Mas e a prática, como vai?

Tenho pensado na construção de relacionamentos como uma construção de verdade, algo que precisa ser feito aos poucos, tijolo por tijolo, que requer tempo e paciência. E da maneira como tenho refletido no assunto, penso que só podemos construir duas coisas em nossos relacionamentos: pontes ou muros. Ou construímos pontes que nos liguem às pessoas e nos aproximem delas (lembrando que as grandes pontes têm mão dupla), ou criamos muros que nos isolam dentro de nós mesmos e nos afastam do próximo.

Via de regra, o relacionamento entre cristãos é simples. Creem nas mesmas coisas (ou deveriam), têm os mesmos princípios, seguem o mesmo livro sagrado. Por isso, não me prolongo em mencionar este tipo de comunhão, pelo menos não agora. Quero focar na relação entre pessoas que não dividem o mesmo credo.

Ultimamente, tenho presenciado – com certo espanto, é preciso dizer – certa tendência na busca pelos relacionamentos com os “de fora” da igreja. É alarmante o número de cristãos que não procura mais amizades. Hoje buscam apenas oportunidades para compartilhar sua fé, falar de sua religião e mostrar como são melhores que quem as escuta. Na minha concepção “arquitetônica” de construção de relacionamentos, ao fazer isso estão erguendo muros com uma velocidade impressionante. Não mostram interesse pelo próximo, não querem intimidade, não querem relacionamento. Querem apenas mais uma oportunidade de “vender” seu Deus para quem estiver disposto a comprar.


Sou agraciado em ter muitos e bons amigos. Muitos deles não têm a mesma fé que eu, não acreditam no Deus em quem creio (alguns não creem em deus algum) e não têm interesse algum em religião. Sendo assim, qual é a possibilidade de eu construir pontes com essas pessoas se tentar enfiar meus credos goela abaixo? Nenhuma! Só uma amizade genuína e sem interesses pode construir pontes. Só respeitando o pensamento do outro, entendendo (ou tentando) seus pontos de vista e não desnivelando a conversa – ninguém é melhor ou pior – é que crio um relacionamento genuíno. Arrisco-me a dizer que as pontes se constroem “sozinhas”, quando não tenho interesse em construí-las. Quando foco na ponte, posso erguer um muro sem perceber.

A verdade é que a gente constrói o que quer. Quem quer construir muros não precisa se esforçar muito. Só precisa pensar em si mesmo, em como seu testemunho pessoal é importante, em quanto deve demonstrar atenção para com o próximo (tudo friamente calculado). O “murista”, focando em si mesmo, fecha-se atrás de paredes criadas por si mesmo. A única saída é derrubar tudo e começar de novo. Construir pontes é mais trabalhoso. O processo é mais longo e exige mais paciência. Exige também mais disposição e vontade. Quem quer construir pontes, abre mão de si mesmo, de seus interesses, e foca naquilo que o próximo precisa. E quando a ponte é enfim construída, o trânsito está liberado.

2 comentários:

  1. E, nesse meio tempo, Deus vai falando...

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  2. Muito bom! Que Deus te use sempre para ser boca para os Adols, jovens e para falar a palavra de Deus nos quatros cantos desse estado, país e mundo. Deus te abençoe!

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